Trata-se de uma ferramenta para inovar na prática. É um guia que auxilia empresários e empreendedores no percurso entre a identificação de um problema ou oportunidade até à implementação de uma inovação efectiva. A utilização constante ajuda projectos e empresas a transformar a inovação numa prática recorrente.
O Canvas Táctico da Inovação, da autoria de Thaís Falabella e Sara Aquino, baseia-se em ferramentas usadas para o planeamento e execução de acções como o Business Model Canvas ou melhores práticas. É táctico porque se foca no passo a passo para implementar uma inovação, explicando o “como?” enquanto procura um alinhamento entre planeamento estratégico e operacional. Divide-se em quatro grandes etapas: identificar, conhecer, criar e implementar. Foi pensado para ser preenchido no decorrer do processo de elaboração e implementação de uma inovação, completando as colunas de cima para baixo, da esquerda para a direita, de modo sequencial (regra que não é rígida, a ordem pode ser alterada em algumas situações).

Como preencher?
Identificar
Esta é a etapa de alinhamento com o planeamento estratégico da empresa, ou seja, com os macro objectivos. Com base nas análises e no planeamento estratégico, é definido o foco da acção, verificando se está alinhada com os objectivos da empresa, e é definida uma meta de referência para avaliar a eficiência.
Inquietação. Este canvas parte de uma inquietação, de um problema ou oportunidade que faz querer sair da inércia e realizar uma acção. Exemplo: a inquietação é uma equipa fraca. Neste caso, aprofunde o problema que dá origem à inquietação. O que está mal na minha equipa? É a falta de envolvimento dos funcionários ou desperdício por falhas no processo? Procure não iniciar o processo preso a uma ideia de acção formatada. O canvas dá o passo a passo para refinar o seu insight e alcançar melhores resultados.
Objectivo. Antes de desenvolver qualquer acção, é importante questionar: para que quero trabalhar com esta inquietação? Qual o objectivo de trabalhar esta inquietação? Este objectivo está alinhado com os objectivos estratégicos da empresa? É uma prioridade no momento? Esta é a altura de reflectir sobre estas questões.
De modo geral existem três objectivos-base que costumam ser a essência de qualquer acção implementada numa empresa: aumentar a facturação, diminuir custos e garantir o posicionamento de mercado. Identifique com qual dos três objectivos a sua inquietação está mais alinhada.
Indicador. Para conseguir medir o alcance de um objectivo, é importante determinar um indicador. Tente obter um indicador que meça o seu objectivo e seja alinhado com a inquietação.
Meta. Com base num indicador é possível estabelecer onde este precisa chegar. Exemplo: se o meu indicador é a percentagem de aumento da facturação, devo estabelecer qual a percentagem de aumento que desejo alcançar e em quanto tempo pretendo fazê-lo. Para acompanhar um indicador e verificar se atingiu a meta, é preciso ter estabelecido na sua empresa um mecanismo de recolha e análise de dados. Caso estes mecanismos já estejam estabelecidos, observe os dados anteriores: ajudam a criar uma meta possível. Caso não haja um mecanismo, é uma boa altura para desenvolver um.
Conhecer
Com o propósito da inovação estabelecido, passamos para a etapa dois: conhecer. Este é o momento de pesquisa, para fundamentar o seu plano de acção. São analisados o público, as tendências e o mercado, procurando referências e insights.
Público. Para ter uma acção efectiva é essencial conhecer o público para o qual está a trabalhar, entender as suas dores e interesses. Esta componente destina-se à identificação do público, relacionada com a sua inquietação, pesquisa do seu perfil para perceber as suas necessidades. Uma dica é definir personas. Para algumas inquietações, sobretudo as internas, o público pode ser os funcionários da empresa. Além de que algumas acções podem atingir dois públicos (neste caso, mapeie os dois).
Tendências. Quando elaboramos uma inovação estamos a pensar em algo que será implementado no futuro, mesmo que seja um futuro próximo. Assim, é importante entender as tendências que apontam para onde o mundo caminha. Pesquise e descubra se existe alguma tendência de comportamento, mercado ou tecnologia que se alinhe com a sua inquietação e público.
Mercado. Dificilmente precisamos começar uma ideia do zero. O mercado está repleto de experiências de outros negócios que podem servir de base. Descubra iniciativas já existentes que sejam similares, referências e inspirações que trabalhem bem com a sua inquietação. Faça um levantamento de empresas que são reconhecidas por fazer algo próximo do que deseja implementar e pesquise como trabalham. Pode ser difícil encontrar uma empresa com estas características no mesmo segmento que o seu; neste caso, tente procurar inspirações em segmentos análogos.
Criar
Com base na informação reunida nas etapas anteriores, segue-se a terceira etapa: criar. Aqui é elaborada, formatada, testada e optimizada a proposta de acção, dado que a inovação envolve errar, corrigir e testar continuamente.
Ideias. Considerando a sua inquietação, objectivo, meta, público, tendências e mercado, faça um levantamento de ideias. Pense em todas as possibilidades de solução e tente não julgar as ideias loucas: este é um momento de ideação. Para aumentar o volume de ideias, chame um colaborador ou parceiro para ajudar no processo.
Acção. Este quadro é dedicado a definir o que será feito, ou seja, a acção em si. Seleccione as melhores ideias, reunidas no quadro anterior, e formate uma proposta com elas. Verifique se a sua acção está alinhada com a inquietação e o objectivo previamente definidos.
Parcerias. São essenciais para tirar uma ideia do papel. Neste quadro identifique quem são os parceiros-chave para executar a acção formatada. As parcerias podem ser feitas com pessoas, negócios e instituições. Lembre-se dos seus contactos, fornecedores, investidores e procure que o auxiliem nas próximas etapas.
Teste. A cultura do teste é relevante para evitar o fracasso no investimento de tempo e dinheiro. Identifique o que na sua acção precisa ser testado. Normalmente há várias questões a serem testadas: procure testar uma de cada vez. Elabore uma proposta de teste o mais simples, rápido e barato possível. Para um teste ser efectivo, é importante ter mecanismos de captação de feedback. Para medir o resultado quantitativo de um teste deve-se determinar um indicador e, até mesmo uma meta. Neste caso, o indicador e a meta estabelecidos anteriormente podem servir como uma referência a ser adaptada para a realidade do teste (não pode esperar conquistar a meta em apenas um teste).
Iteração. Um teste bem aplicado traz vários resultados quantitativos e qualitativos. Analisando esses resultados e observando principalmente o que funcionou ou não no teste, optimize e refine a acção. No momento de iteração podemos modificar a acção, alterá-la e até mesmo optar por não dar prosseguimento. O processo de teste e iteração deve ser repetido algumas vezes, até chegar a um retorno esperado e passar para próxima etapa.
Implementar
Com uma acção formatada, testada e optimizada, parte-se para a quarta etapa: implementar. E que compreende a execução em si da acção, a padronização, divulgação para um amplo mercado e avaliação continuada.
Padronização. A padronização de uma acção garante a sua qualidade e evita que grandes esforços para implementar uma inovação sejam perdidos por falta de continuidade. Neste quadro são estabelecidos os procedimentos para execução da acção, as actividades envolvidas e os responsáveis.
Comunicação. A implementação de uma inovação merece ser valorizada e reconhecida interna e externamente. Neste quadro estabelecem-se estratégias para comunicar a acção para os funcionários, assim como para a divulgação para o mercado. A natureza de cada acção vai levar a um tipo de comunicação diferente: pense na estratégia de comunicação relacionada com o perfil do público traçado anteriormente.
Avaliação. Para concluir a implementação de uma inovação é importante retomar os indicadores e metas estabelecidos e verificar se estão a ser alcançados. Assim é possível avaliar se a acção está a ser efectiva. É indicado que a avaliação seja feita de forma continuada para monitorizar os resultados. Neste quadro é importante verificar os retornos que a equipa e o público dão sobre a acção. Observar o que está bom ou não, e avaliar a necessidade de algum novo ajuste. É interessante que a avaliação muitas vezes traz novas percepções que levam o empreendedor a novas inquietações, podendo fazer esse ciclo girar de novo.